quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mulher – Manual de Preservação da Espécie

Conheci esse texto através de minha amiga Bet. Gostei tanto que pesquisei pra compartilhar...

Fábio Reynol

O desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está a fêmea da espécie humana. Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha “Salvem as Mulheres!”. Tomem aqui os meus parcos conhecimentos em fisiologia da feminilidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

Habitat
Mulher não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda e as que se submetem à jaula perdem o seu DNA.
Você jamais terá a posse de uma mulher, o que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente.

Alimentação correta
Ninguém vive de vento. Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro. Beijos matinais e um “eu te amo” no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não a deixe desidratar.
Flores também fazem parte de seu cardápio. Mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.
Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial. Música ambiente e um espumante num quarto de hotel são muito bem digeridos e ainda incentivam o acasalamento o que, além de preservar a espécie, facilitam a sua procriação.

Respeite a natureza
Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia, discutir a relação... Se quiser viver com uma mulher, prepare-se para isso.
Não tolha a sua vaidade. É da mulher hidratar as mechas, pintar as unhas, passar batom, gastar o dia inteiro no salão de beleza, colecionar brincos, comprar sapatos, ficar horas escolhendo roupas no shopping. Só não incentive muito estes últimos pontos ou você criará um monstro consumista.

Cérebro feminino não é um mito
Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente o aposentaram!). Então, agüente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração.
Se você se cansou de colecionar bibelôs, tente se relacionar com uma mulher. Algumas vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja dessas, aprenda com elas e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com os homens, a inteligência não funciona como repelente para as mulheres.

Não confunda as subespécies
Mãe é a mulher que amamentou você e o ajudou a se transformar em adulto. Amante é a mulher que o transforma diariamente em homem. Cada uma tem o seu período de atuação e determinado grau de influência ao longo de sua vida. Trocar uma pela outra não só vai prejudicar você como destruirá o que há de melhor em ambas.

Não faça sombra sobre ela
Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda. Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.

Salvem as mulheres! Uma campanha do Diário da Tribo sem o apoio do Greenpeace nem do WWF.
http://www.diariodatribo.com.br/

sexta-feira, 11 de junho de 2010

AH, CARLOS!!!!


Namorado: Ter ou não ter, é uma questão

Carlos Drummond de Andrade

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.

Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele nao precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode nao ter namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho.

Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.

Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho
escondido na hora que passa o filme; de flor catada no muro e entregue
de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre a
meia rasgada; de ânsia de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário. Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta
abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar
do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro
dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Nao
tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai
com ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton
Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical na Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais.

Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar.

Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.

Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.

Enlou-cresça.

domingo, 23 de maio de 2010

O OUTRO BLOG





Sempre soube que precisava escrever. Comecei assim que aprendi, espontaneamente. Na infância, na adolescência escrevia muito, depois parei. Comecei a ter que usar desculpas. O cartão de aniversário de um amigo, de amigos de amigos, cartas de reclamações pra operadora de telefonia, aniversário de cachorro, batizado de boneca (parecendo coisa de alcoolatra, né?)... Escrevo cada email pra banco!!!!! Uma vez fiz uma carta de demissão que emocionou a responsável pelo departamento pessoal da empresa. Ela chegou a me dizer que a minha devia ser usada como modelo para todas as cartas de demissão (quanto orgulho!!!!).

Aí os blogs surgiram na minha vida. E os comentários. E as pessoas. Vivo falando aqui dos meus amigos. Acho que às vezes pode até ficar parecendo papo de altoajuda, mas não é. Duas delas souberam que eu precisava ter um blog antes que eu mesma soubesse. Enquanto uma discutia a ideia ("ideia" não tem mais acento) tentando me convencer a outra me arrumou a desculpa perfeita: precisava de alguém que a ajudasse em seu próprio blog já que ela estaria muito atarefada. Foi assim que vim parar aqui.

E contava todas as histórias menos a que gritava pra ser contada. Era um projeto secreto. Tão secreto que nem eu sabia dele. Mas já existia e agora está vindo a tona. Sinto como se estivesse indo pra casa, cumprindo meu destino. Quero que as pessoas saibam como é boa essa sensação. A de voltar a habitar o próprio corpo, de ocupar o próprio espaço. É isso que o
Alta Estima significa pra mim. Quero colocar nele um pouco mais da escritora, quero que ele seja mais focado, com intenções mais sérias.

E o Deboniando?? Vai continuar pra mim... É nosso diário,
nosso confissionário, como diria meu irmão, nosso terreiro de casa. A casa onde encontro meus amigos. Esses que torcem por mim com tanta força que chega a doer. Da pra sentir daqui (o "da" também não tem mais acento). É a eles que eu queria agradecer. Principalmente às duas do começo, Aninha e Its, por me fazerem assumir meu sonho. A minha Ju que nunca desiste de mim (eu, se fosse ela, já tinha chutado o pau da barraca) e pelas fotos, onde ela fez milagres... À Martinha pelo carinho, paciência e encorajamento. Ao meu fã, Eduardo, que ou me incentiva ou me enlouquece. A Clarinha, Isa, Feliz, Jota, Gi, Thaís, Guga e todo seu povo. Todos sempre afagaram meus escritos.

E vou aproveitar e fazer meu comercial... Dizer que segunda feira tem post novo e pedir a todos que divulguem. Os que gostam que divulguem entre os amigos e os que não gostam entre os inimigos!

Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade
Raul Seixas
Beijos

Ana Mineira


Nosso beijo enoooorme pro filhotinho da Scarlett!!!!


Iago, meu lindo!!!! Muita felicidade pra você!!!

Aproveita o privilégio de ter nascido numa família tão cheia de amor e realize todos os seus desejos!!!!


terça-feira, 18 de maio de 2010

XURUMELAS


Eu não sei se vocês sabem, mas mulheres que moram na mesma casa ou que passam muito tempo juntas acabam sincronizando seus ciclos menstruais. Não é mito, é Natureza. Em seu período fértil as fêmeas humanas
liberam feromônios, substâncias que emitem certos indícios só perceptíveis para outros da mesma espécie. Os feromônios sexuais são capazes de induzir o comportamento reprodutivo. Nosso consciente não percebe quando fazemos isso e nem quando outras fazem, mas um lado de nós sabe. E esse lado está competindo para ter a melhor descendência (que seria a maior, mais saudável e mais duradoura segundo nossos instintos), então não queremos que outra mulher fique com todos os machos do território, muito menos os melhores. O que nosso corpo resolve fazer? "Entrar no cio" ao mesmo tempo, porque aí disputaremos de igual pra igual. Maquiavélico, não? É... Lei da Natureza.

Tenho certeza de que isso já aconteceu comigo, mais de uma vez. Por causa de estudo ou de trabalho houve épocas em que passava quase todo o dia na companhia das mesmas mulheres. Se formos analisar na prática da minha realidade as estratégias foram totalmente desperdiçadas, já que tive apenas um filho, com o parceiro com quem fiquei boa parte da minha vida e ainda usava métodos contraceptivos. Mas é genético, é ancestral e meu corpo vai continuar fazendo isso, o que não significa que eu vou ter que entrar na disputa da melhor prole. Mulheres modernas têm planos pra suas vidas e não da pra se deixar dominar por competição evolutiva.

Da mesma forma fomos geneticamente projetados pra disputar tudo, como todos os animais fazem. Nenhum bicho tem pudor de querer para si e para os seus a melhor comida, o melhor ninho, a melhor água e nem tem escrúpulos de fazer o que tiver que ser feito para consegui-los. Nós só não fazemos o mesmo (geralmente, né?) porque nossa racionalidade criou regras... Nos educamos e nos reprimimos para respeitar o limite do outro, desobedecendo aos nossos impulsos primários. Ou seja toda a vida moderna em sociedade está baseada nesse auto-controle. Coisa da qual homens sempre se gabaram de ser melhores que as mulheres, eles são os mais racionais. Então por que quando se chega à questão dos instintos sexuais masculinos a conversa fica tão diferente?

Sem fazer nenhum juízo de valor: pessoas tomam a decisão de trair. Homens e mulheres traem os seus parceiros porque querem, porque se permitem. Não é porque a zinha embarangou, ou porque o zinho não da atenção ou porque Pafúncio solta pum ou porque Tiburcina usa creme na cara e muito menos porque é homem e a missão é espalhar a semente. Deu vontade e pronto! Resolveram encarar as possíveis consequências e satisfazer um desejo. Outras pessoas podem ter tido o desejo e decidiram não satisfazer e outras nem tiveram o desejo.


O caso é que fidelidade exige esforço.
Relações monogâmicas são difíceis para todos os envolvidos! Perguntem às araras, aos pinguins, aos cisnes... Perguntem aos homens e mulheres que não traem. Mas parem com as desculpas preconceituosas. Homens traem porque obedecem seus instintos? Senhores, por favor, não me venham com xurumelas!!

*Ainda repercussão do post do Pergunte ao Urso: Por que os homens traem? eles estão sempre olhando pra outra mulher?



Beijos

Ana Mineira

quarta-feira, 12 de maio de 2010

TODA CRIANÇA QUER



A vida tem um curso mágico às vezes... Como se nossos caminhos estivessem sendo costurados por mãos invisíveis...


Sexta-feira passada escrevi um texto (Aprendendo a conviver com a diferença) sobre um encontro que eu, meu filhote e um amiguinho tivemos com o João, no McDonald's. O João tem mais ou menos a mesma idade dos meninos e tem Síndrome de Down. A situação em si foi linda e mexeu muito comigo. Mas nada me preparou para a resposta que o post teve. Sites de inclusão de pessoas com várias deficiências, blogs de pais, emails emocionantes e emocionados de mães de crianças Down, todos se manifestando, publicando o texto em seus espaços. Para usar uma palavra que eles gostam muito, foi especial.

Apesar de ter ficado nas nuvens com o carinho, como respondi pra alguns, não cabe agradecimento, que é pra quem faz uma coisa fora do comum. Eu não fiz favor nenhum a ninguém. Respeitar o outro e ensinar crianças a fazer o mesmo é obrigação de todo adulto. Não olhar como coitadinho, não olhar como um filhotinho de cachorro engraçadinho, mas simplesmente como uma pessoa que tem necessidades especiais sim, mas que está aí, no mundo pra viver intensamente e da melhor maneira possível todas as experiências que puder e quiser. Como o resto de nós.

Beijos especiais para o Lúcio Carvalho e a equipe do site Inclusive, para o MAQ do site A Bengala Legal, para o blog Cantinho do Rodrigo, para Sol e sua princesa Mari, para Andréa e sua bonequinha Caroline e todos os outros que nos leram.

Queria dizer a todas essas pessoas que contem sempre conosco: comigo, com a Aninha, minha amiga e sócia de empreitada e com o blog Deboniando e seus amigos queridos para apoiar suas causas, principalmente a da inclusão. Vocês que enfrentam essa luta com tanta garra e coragem são seres epeciais. E, apesar das evidências, realmente acredito que seguimos pra uma sociedade menos cruel, eu quero participar disso e os vejo como parte do caminho.




Beijos

Ana Mineira

terça-feira, 11 de maio de 2010

HERANÇA

Essa semana ouvi no rádio a música "Tropicália", de Caetano Veloso, que é do álbum com o mesmo nome, lançado entre 1968 e 1969, e que deu o nome ao movimento do Tropicalismo.
Deve ter sido uma das primeiras vezes que a ouvi no rádio. Não é muito conhecida, até porque é forte, pesada de ouvir em todos os sentidos. Ainda assim a conheço desde muito pequena. Meu irmão também. É uma das nossas canções preferidas de todos os tempos.


Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés, os caminhões
Aponta contra os chapadões,
Meu nariz


Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país

Viva a bossa, sa, sa
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça

O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão

O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga,estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente,feia e morta,
Estende a mão

Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis

Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam a tarde inteira
Entre os girassóis


Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança a um samba de tamborim

Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele pões os olhos grandes sobre mim

Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém

O monumento
é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem

Viva a banda, da, da
Carmen Miranda, da, da, da da, da da da

Não foi através dos meus pais, que sempre foram muito conservadores em termos de música, e ouviam tangos, boleros e seresteiros. Mas na casa da minha avó, onde passávamos boa parte do tempo, meu tio mais novo tinha discos interessantes. Entre eles uma coletânea de banca de revista do Caetano, que tocava sem parar. Nós crianças, espojinhas que éramos, em pouco tempo sabíamos de cor "Alegria, alegria", "Baby", "London, London" e, claro, "Tropicália". Aquela melodia, aqueles versos cresceram em nós e conosco e foram determinantes pra nossa formação musical, pra nossa formação humana (a música sempre ocupou e ocupa ainda uma boa parte do nosso universo).



Outro LP (ah, gente!!! por favor não façam cara de desentendidos, você sabem o que é...) que nos invadia e me lembro da capa como se fosse hoje, era Refazenda, do Gil. Todo maravilhoso, do início ao fim...

Traga-me um copo d'água, tenho sede
E essa sede pode me matar
Minha garganta pede um pouco d'água
E os meus olhos pedem seu olhar



Pairando sobre tudo isso estava o ídolo maior do meu tio. Quem?? Ele, Chico Buarque. Se eu fechar os olhos vejo a casa, sinto o clima do piano e das sirenes e ouço os versos geniais que não entendia na época:

Acorda, amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura
Minha nossa santa criatura
Chame, chame, chame, chame o ladrão.



É engraçado como uma pessoa sem saber, sem querer, pode influenciar tanto na vida de outras. E foi o que aconteceu. Meu tio era muito jovem e só estava curtindo seus discos modernos. Mas de alguma forma, que não sei explicar, é como se soubéssemos da relevância daquelas aulas involuntárias, então devorávamos versos e sons, caladinhos... Foi a riqueza da música que despertou em nós o gosto, o ouvido, e que acabou se tornando um presente, uma herança das mais valiosas.

Beijos

Ana Mineira

sábado, 8 de maio de 2010

MÃE QUE TEM MÃE




Julia era a mãe de John Lennon.
Ela não o criou e acabou morrendo prematuramente,
mas ele tinha por ela verdadeira adoração

Um dos versos de música de que eu mais gosto e de que me lembro sempre vem de uma canção do Ira!, Dias de luta: "Se meu filho nem nasceu, eu ainda sou o filho". É a pura verdade. E acho que entendi toda a dimensão dessa frase, que, na verdade, é muito mais significativa do que parece, depois que virei mãe. Até termos filhos somos filhos, depois...

Há nove anos pra mim o Dia das Mães tem sido um momento de refletir sobre o meu papel de mãe e nada mais. Acho que depois que eles nascem a gente fica meio condicionada, todas vez que ouve a palavra "mãe", o que vem na cabeça é "filho" (Como será que ele está? Está seguro? Está feliz? Está precisando de mim?). Nossas próprias mães acabam relegadas a um papel coadjuvante, que aceitam com o coração aberto.

Minha mãe é uma das criaturas mais sem frescura que já conheci na vida. Pra ela tudo é fácil e possível. E faz com uma entrega, com uma dedicação que o resultado é invariavelmente simples e perfeito. É meio mãe do mundo e acha que é seu dever cuidar de todos os seres que cruzam o seu caminho. Foi ela que me ensinou que ser mulher, ou pobre não é defeito. Pelo contrário. Dentro daquela simplicidade comovente ela carrega todo orgulho do mundo, sem nenhuma soberba. Adora paparicar, adular, sem nunca perder aquela aura de quem está zelando pelos seus pequeninos. Cuida de um bando de nobres ou de mendigos com a mesma dignidade. Sempre se torna uma referência onde passa. Todos têm alguma coisa pra perguntar pra ela. Todos querem sua companhia. É tão mãe que foi mãe da própria mãe.

Uma vez estava comentando com uma conhecida sobre um acontecimento, nem lembro mais o quê ou sobre quem, mas eu dizia que concordar com atitudes de desrespeito era inaceitável e absurdo. Ela ficou calada e pensativa e depois disse: "Você deve ter sido muito amada quando criança". Por um momento não entendi, mas quando olhei pra ela vi o que queria dizer: só tem segurança para rejeitar o desprezo e o desamor quem foi amado. Não é uma coisa que nasce conosco. Se eu enxergava assim é porque tinha tido o privilégio de aprender a ser assim. E foi com minha mãe... Ela sempre me amou muito.

Por isso aqui, agora não vou ser mãe, vou ser filha. Vou me divertir e me emocionar lembrando que, até hoje, minha mãe está atenta a todos os detalhes da minha vida, como se eu tivesse acabado de nascer. Ainda fica adivinhando meus desejos e necessidades. Ainda desenrola as golas das minhas blusas e limpa meu rosto com cuspe. Ainda da palpite em tudo e se acha na obrigação de decidir por mim. Ainda acha que tudo que acontece de mais pesado na minha vida (ainda que aconteça na de todo mundo) é injusto. Ainda me acha a melhor, a mais bonita, mais perfeita e mais interessante. Como é bom saber que pra ela vou ser sempre pequena e frágil, mesmo se for eu quem estiver cuidando. Da um alento, um conforto... Aí então, lembro da minha conhecida e não consigo deixar de pensar: todo mundo merecia ter isso.

Metade do que eu digo não faz sentido
Mas digo apenas pra te alcançar, Julia
Julia, filha do oceano, me chama...
Então eu canto uma canção de amor, Julia.
Olhos de concha do mar, sorriso de vento, ela me chama
Então eu canto uma canção de amor, Julia.
Seu cabelo de céu flutuante está brilhando,
Reluzindo ao sol
Julia, Julia, lua da manhã, me toque
Então eu canto uma canção de amor, Julia.
Quando eu não consigo cantar meu coração
Só posso dizer o que penso
Areia adormecida, nuvem silenciosa, me toque
Então eu canto uma canção de amor, Julia.
Ela me chama
Então eu canto uma canção de amor para Julia.


Beijos

Ana Mineira

sexta-feira, 7 de maio de 2010

APRENDENDO A CONVIVER COM A DIFERENÇA


Chega o fim de semana... E quem tem filho começa as orações pra Nossa Senhora do Programa de Indio. No último, depois de ter ouvido lamentações de segunda a sexta implorando por McDonald's (o que pra mim significa: comida ruim, Coca-Cola com gelo, mesmo que você implore pra não colocar, repetir 364 vezes "termina o lanche!" e passar horas olhando pro nada esperando crianças se cansarem de brincar) me rendi. Como não sou boba fui preparada: aparelho de música com fone de ouvido e livro. E estava dando certo... Filho e amiguinho se esbaldando... só ouvia a gritaria de longe e percebia vagamente os vultos em minha volta...

Até que chegou o João. Com uns 9 anos, a mesma idade dos meus (na verdade só tenho um, mas estou sempre com vários e quando estão comigo são todos meus) estava com a mãe e a irmã e ficou parado no canto do pátio observando a movimentação, como só as crianças sabem fazer... Aos poucos os três foram se aproximando e resolveram brincar de pega-pega. Quando ficaram exaustos se sentaram e foram jogar cartas de Bakugan (se você não faz a menor idéia do que se trata, fique apenas feliz por isso e esqueça o assunto). João distribuiu o baralho e eles passaram um tempão muito entretidos, até a mãe dele ter que ir embora, no meio de muitos protestos. Nada demais, não é? Apenas crianças brincando... Seria sim, não fosse por um detalhe: João tem Síndrome de Down.


Quando ele chegou fechei meu livro e fui observar como ia interagir. A princípio pensei que fosse procurar as crianças menores, fiquei ainda mais curiosa quando vi que ele queria brincar com os "meus". Sei que meu filho e seu amigo não têm nenhuma intimidade com pessoas com necessidades especiais, não me lembro de te-los visto antes com crianças que não fossem "normais". Também não estão mais naquela idade em que tudo é natural e aceitável. Pelo contrário, estão começando a atentar para os enormes abismos que separam os seres humanos e muitas vezes, nessa fase, o grande barato é discriminar o diferente. Então não nego que minha respiração ficou um pouco suspensa.

Ele tem problemas de fala e dificuldade de entender regras mais complexas das brincadeiras, além, é claro, das características físicas. Mas eles driblaram esses obstáculos. João ficou sendo sempre o pegador e adorou! E os outros dois riam muito enquanto fugiam, mas sempre junto com o João e nunca dele. A comunicação também foi resolvida: eles ficaram perto da mãe do novo amigo e quando precisava ela fazia uma traduçãozinha. E pronto! Superadas as diferenças ficaram sendo só aquilo que sempre foram: crianças.

Óbvio que a babona aqui deu vexame. Ainda que tentando ser discreta não conseguia parar de sorrir e nem conter as lágrimas. Fiquei feliz. Orgulho pela coragem do João, que não se importando em enfrentar uma possível rejeição, fez o que teve vontade de peito aberto e com muita independência. E pelos "meus" meninos que lidaram com aquela situação tão diferente com delicadeza, elegância e generosidade.
É claro que eles perceberam. Dentro do carro me bombardearam de perguntas, que respondi com toda sinceridade. Não deixei de ressaltar a importância e o valor da atitude deles e de explicar que muitas pessoas, até mesmo muitas crianças, não teriam tido um comportamento tão cheio de dignidade e naturalidade.

Adorei o passeio no McDonald's.



Beijos


Ana Mineira

quarta-feira, 5 de maio de 2010

COMPARTILHANDO PÉROLAS




Para Maria da Graça
Paulo Mendes Campos

Agora que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: Alice no país das Maravilhas.
Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.
Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade.
A realidade, Maria, é louca.
Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: “Fala a verdade, Dinah, já comeste um morcego?”.
Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. “Quem sou eu no mundo?” Essa indagação perplexa é o lugar comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás.
Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.
A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável.
Foi o que Alice falou no fundo do poço: “Estou tão cansada de estar aqui sozinha!” O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada, e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.
Somos todos bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.
Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: “Oh, I beg your pardon!” Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato.
Foi o que o rato perguntou à Alice: “Gostarias de gatos se fosses eu? “.
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namoradas, todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: “A corrida terminou! Mas quem ganhou?” É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres, ganhastes.
Disse o ratinho: “Minha história é longa e triste!” Ouvirás isso milhares de vezes.
Como ouvirás a terrível variante: “Minha vida daria um romance”. Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance é só o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: “Minha vida daria um romance!” Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.
Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mais devagar, muito devagar. Quero dizer seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: “Devo estar diminuindo de novo”. Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.
E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte: É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom humor.
Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas.
Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: “Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas”.
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.

terça-feira, 4 de maio de 2010

GEISY ARRUDA

Normalmente, em um outro tipo de acontecimento, com algum outro tipo de motivação, eu teria muita aversão à tal Geisy Arruda, a ex-aluna da Uniban. Considero uma maldição do mundo moderno que as pessoas se aproveitem de incidentes particulares para se lançarem à pseudofama, que geralmente é vázia, sem sentido, injustificável. Não que a dela não seja... Qual a sua relevância? Quais os seus talentos?

Mas, nesse caso, epecificamente, torço muito por Geisy e vibro a cada uma de suas conquistas. As plásticas, o megahair, os desfiles nas escolas de samba, a participação em programas humorísticos, a nova linha de roupas. É tudo muito merecido. E não só por ela, que viveu um
linchamento moral repugnante e agora está sendo recompensada, mas todos os coleguinhas que participaram daquela cena lamentável também merecem. Me divirto pensando neles assistindo às aparições dela na mídia e se contorcendo de raiva, sabendo que foram eles, somente eles que proporcionaram tudo isso.

É incrível que nós mulheres, nessa altura do campeonato, ainda tenhamos que "pagar" por nossas escolhas absolutamente individuais. Vestidos, pulseirinhas, saias, shorts, cabelo, nada é imputável. Está tudo sujeito a castigo que pode ir de piadinha desrespeitosa a estupro.

Não se ouve falar de homens (hetererossexuais) sendo publicamente ridicularizados por nenhuma roupa ou atitude sexualmente provocativa. E, por favor, não venham dizer que eles não têm! Convido qualquer um a dar uma voltinha na pista onde corro e apreciar shortinhos minúsculos... em homens... (e nem venham me dizer que são os gays, porque esses têm bom gosto). E a camisa que nunca para no corpo? E a malhação performática? Tudo visto com tanta naturalidade, como se fosse direito deles se vestirem e se comportarem como acharem melhor... Mas... espera aí? E não é?


É. É direito de todos nós.


Beijos

Ana Mineira

sexta-feira, 30 de abril de 2010

STEVIE WONDER OU STIVINHO MARAVILHA

Stevie Wonder em janeiro de 1963

Acho que para o grande público no Brasil o sucesso de Stevie Wonder começou nos anos 80. Mas, na verdade, o menino que nasceu prematuro (por isso ficou cego) no interior de Michigan, Estados Unidos, em 1950 e se mudou para Detroit ainda pequeno foi lançado em 1961. E pela Mowtown, uma das gravadoras mais importantes de todos os tempos, especializada em música negra americana e que revolucionou a história da música pop, lançando nomes como Diana Ross, Marvin Gaye, The Jackson 5 . E foi o dono dela que revelou o "Little Stevie Wonder" (alguma coisa como o Pequeno Stivinho Maravilha) aos 11 anos. Ele era um menino-prodígio que encantava os adultos que o ouviam e em poucos anos já estava compondo, não só pra si mesmo, mas para outros astros da gravadora.

De menino prodígio, nas décadas seguintes ele se mostraria um gênio. E daí pra frente foram incontávei sucessos e muitos clássicos desde My cherie amour à linda Isn't she lovely? (que tem o choro da filhinha dele) e a indefectível I just called to say I love you. Essas e muitas outras mais permaneceram nas paradas de sucesso em várias partes do mundo. E o Little Stevie se tornou uma lenda viva da música moderna.

A canção de que eu quero falar, porém, não foi ao topo das paradas, é de 1972 e nem é muito conhecida. Meu irmão me mostrou um dia e me apaixonei perdidamente. Continuando o post de ontem, falando em acreditar. A poesia e a esperança de I believe (When I fall in love) transbordam na letra e na música e fazem com que gente queira mesmo se convencer de que da próxima vez vai ser para sempre. E Stevie Wonder é o mágico desse truque.




Eu acredito (Quando eu me apaixonar)

Sonhos despedaçados
Anos desperdiçados
Aqui estou eu preso dentro de uma concha vazia
A vida começou
depois acabou
Agora eu olho para um poço vazio e frio

Os muitos sons que chegam aos nossos ouvidos
As cenas que nossos olhos guardam
Vão abrir nossos corações emergentes
E alimentar nossas almas vazias

Eu acredito que quando me apaixonar por você vai ser pra sempre
Eu acredito que quando me apaixonar dessa vez vai ser pra sempre

Sem desespero vamos compartilhar
E as alegrias do cuidar não serão substituídas
Aquilo que foi um dia nunca deve ter fim
E por causa dessa força não seremos apagados
Quando as verdades do amor são plantadas com firmeza
Não são difíceis de encontrar
E as palavras de amor que eu falar pra você
vão ecoar na sua mente


Beijos

Ana Mineira

quinta-feira, 29 de abril de 2010

MEDIOCRIDADE ANÔNIMA




Seguramente a Internet é uma das maiores invenções da história. Veio para revolucionar nossas vidas, para encolher o mundo, para diminuir distâncias, para democratizar. E apesar disso ser tão maravilhoso, muitas vezes é assustador e quando uma coisa assusta nós a mitificamos. Por isso a Internet virou o quarto escuro do século XXI, cheia de monstros e fantasmas.

Minha visão sobre isso é, particularmente, tranquila. Acho que a Net não favoreceu maus hábitos, acho que ela não aumentou o maucaratismo. Eles sempre estiveram aí. Pessoas sempre mentiram, sempre traíram, sempre se esconderam e nunca precisaram de computador pra isso. Para se ter uma idéia o primeiro sistema de correio de que se tem notícia remonta a 2400 anos antes de Cristo, no Egito. Alguma dúvida de que a carta anônima já existia antes disso??? E os telefonemas anônimos?? O que seria dos filmes e novelas dos anos 70 e 80 sem eles??? O que está diferente então?? A tecnologia, nada mais. A covardia continua a mesma.

Uma outra coisa permaneceu... A dúvida. Consigo até imaginar os egípcios com aquelas carinhas triangulares e cajal no olho se perguntando porque uma pessoa se daria ao trabalho de fazer uma coisa tão besta quanto intrigas anônimas... E acho que as repostas também não mudaram... Pelo menos a principal delas e a mais óbvia. É incrível como não é preciso ter muito para se despertar a inveja. A mediocridade se ressente até da paz de espírito alheia. E como não lembrar dos vilões das novelas mexicanescas e suas vidas vazias... Sem amigos, sem amores se contorcendo de ódio com o sucesso dos mocinhos.

Por isso o anonimato da Net não me assusta. Pessoas de verdade não tem nada a esconder, nem a temer de quem tem. Acho que tudo que precisamos fazer é preservar nossa intimidade na medida do razoável e isso vale pra qualquer lugar ou situação. A mentira na Internet tem tanta força e resistência quanto fora dela. E a medida disso somos nós mesmos que decidimos, quando damos importância ou sabiamente ignoramos a mesquinhez do outro.

Então... perdoemos a fraqueza humana!




Beijos

Ana Mineira

terça-feira, 27 de abril de 2010

HANDY MAN



Hey girls gather round
Listen to what I'm puttin' down
Hey baby I'm your handyman

I'm not the kind to use a pencil or rule
I'm handy with love and I'm no fool
I fix broken hearts
I know that I truly can

If your broken heart should need repair
then I am the man to see
I whisper sweet things
you tell all your friends
They'll come runnin' to me....

Here is the main thing that I want to say
I'm busy twenty four hours a day
I fix broken hearts,
I know that I truly can



A tradução é por minha conta e totalmente livre por isso deixei a expressão handy man no original. Porque em inglês ela é bonita e em português o mais próximo que existe é a horrorosa "faz-tudo". Na verdade define um homem habilidoso, que sabe consertar qualquer coisa. Mas o mais importante é se encontrarem algum desses por aí, mandem pra cá, por gentileza... Se for o James Taylor com esse violão, na época que ele tinha cabelo... nem precisa mandar, deixa recado no Echo que eu vou até lá...

Ei, garotas juntem-se aqui
e escutem com atenção
Ei, querida, sou seu handy man

Não sou do tipo que usa lápis ou régua
Sou habilidoso com amor e não sou bobo
Eu conserto corações partidos
E sei que consigo de verdade

Se seu coração partido precisa de reparos
Então sou o homem que você procura
Eu sussurro palavras doces
Conte para todas as suas amigas
Elas vêm correndo pra mim

E aqui está a coisa mais importante
que tenho a dizer
Trabalho 24 horas por dia
Eu conserto corações partidos
Querida, sou seu handy man


Beijos

Ana Mineira

sábado, 24 de abril de 2010

ANINHA



Nossa...
Falar da Aninha...
É falar de alguém que sente as coisas com a mesma intensidade que eu
O que de partida já é absurdo...
É falar de alguém que sofre mais com os meus problemas do que eu.
É falar de alguém que começou como minha xará de primeiro nome,
depois passou pro segundo,
até que um belo dia descobri que temos as mesmas iniciais...
Em número de letras o nome dela só tem uma a mais,
senão, como diz um amigo,
seríamos numerologicamente gêmeas.
E ela ama com uma força...
e acredita com uma força...
e duvida...
e confia...
e torce...
e briga...
e agrada...
e trabalha...
e estuda...
e ri...
e chora...
Como se cada vez fosse a primeira e a última.
Desde a primeira vez que a "vi"
soube que seríamos muito amigas ou inimigas mortais.
Quis a vida,
ou a sorte,
ou o acaso,
ou o destino,
ou quem sabe foi Deus mesmo,
que na Sua imensa bondade nos colocou do mesmo lado?
Com certeza Ele estava pensando em mim...
Não gosto de me gabar não,
mas, cá entre nós,
Deus tem uma predileção descarada pela minha pessoa.
Tanta assim que pôs a Aninha na minha vida

Ixi... já estou divagando...
então vou deixar que a ternura da Martinha fale por nós:





Um anjo bondoso que está sempre pronto para acolher,
Uma leoa preparada para nos defender,
Uma amiga que está sempre do nosso lado...
Você é o ombro das horas difíceis,
o riso contagiante do momento feliz,
a palavra certa na hora certa,
a irmã que eu escolhi...
Muito obrigada, minha amiga,
Por estar comigo quando fico triste,
Por dividir comigo a alegria.
Obrigada por deixar ter você na minha vida...


Você não merece um dia especial...
Você merece uma vida especial!
Que teus dias sejam um reflexo daquilo que você transmite,
Que a alegria esteja sempre presente na sua vida,
Que o amor transborde em sua alma,
Que você seja sempre essa pessoa ...

Linda!!!!

Gifs - Flash - Fotos e Videos Para seu Orkut
Parabéns!

Amiga, te amamos!

FELIZ ANIVERSÁRIO!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

PEDRO ÁLVARES CABRAL E A HISTÓRIA



Shopping center, fila pra pagar o estacionamento. Mãe da coleguinha do filho para atrás de mim. Fazer o que, né?? Tem que conversar... Tá no paragrafo 5, ítem 9, da CEMAMS (Convenção de Etiqueta das Mães de Alunos da Mesma Sala). Achei que íamos ficar nas triavialidades quando ela me sai com essa: "Você está satisfeita com o ensino do Colégio? Eu não estou nem um pouco! Aliás, até marquei reunião com a diretora para semana que vem." Fiquei imediatamente arrasada com aquilo! Não sei o quanto vocês entendem disso, mas posso resumir o que significa ser mãe em uma palavra: culpa. O que veio naquela hora na minha cabeça foi: "Como é que o ensino da escola está assim tão ruim e eu não percebi??? Que espécie de mãe eu sou??" Respondi disfarçando: "É mesmo??" E ela irritadíssima: "Você não reparou o que eles estão estudando em História? Aquela bobagem sobre culturas de outros países?? Isso eles aprendem depois! Até agora não falaram em Pedro Álvares Cabral, no ano em que descobriu o Brasil, nada disso! Assim não dá!"

Choquei. Fiquei muda. Santa Ignorância, Batman!!! Quer dizer que História se resume a Pedro Álvares Cabral??? Eu que estava toda orgulhosa do meu filho aprender a origem dos hábitos culturais das diversas matrizes desse caldeirão que é esse país, fui pega de surpresa pelo saudosismo retrógrado daquela moça.
Uma mulher jovem, mais nova que eu. Universitária... Não que eu não ache importante que se estude o Descobrimento e todos os fatos que marcaram nosso passado, mas é tão bom ver a educação iluminada de idéias novas, reconhecendo a importância de coisas que não sejam apenas datas e nomes pra decorar.

Fiquei pensando duas coisas devastadoras. A primeira delas era na influência daquela pessoa nos rumos desse país e desse mundo. Sim, porque além de estar prestes a ter um diploma universitário com tudo que isso implica e não implica, ela está educando dois seres humanos, que provavelmente vão crescer sem ter noções simples de coisas importantes. Que tipo de cidadãos essa família ainda vai gerar? A segunda: fiquei pensando também que se eu, ali, inocente passante, apenas tentando tirar meu carro do shopping com dignidade, estava ouvindo aquela abobrinha o que não escutariam as pobres professoras todos os dias de criaturas como aquela (que, com certeza, não deve estar sozinha)?? Meu coração se encheu de piedade e por um momento eu até me esqueci da birra que tenho da tal diretora.

Ontem a noitinha fui à escola buscar filhote e tinha um carro parado na porta em fila dupla. Nenhuma novidade, né? Eu, pessoalmente tenho pavor de parar em algum lugar que tumultue a vida dos outros. Morro de vergonha quando, por infelicidade minha, acontece. E sei como é irritante essa confusão de porta de escola, mas muitas vezes até entendo porque isso se mistura com questões de segurança das crianças, falta de vagas e outras coisas difíceis de evitar. Mas esse caso era especial. O carro ficou parado naquele lugar por uns dez minutos para esperar duas meninas uma de 9 e outra de 4 escolherem e pagarem todos os doces que queriam na mão do vendedor que fica naquele portão. Terminada a tarefa o carro arrancou e a vida da cidade pôde seguir em paz. Advinhem quem era?





Beijos

Ana Mineira

* Beijinho especial pra Aninha, que tá ficando dodói com a mudança de estação.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

DIGAM O QUE QUISEREM & PONTINHO






Acho que a essa altura já deu pra perceber meu fraco por filmes de adolescente, principalmente dos anos 80, né? Mas acredito que as pessoas da mesma geração que eu e que também foram educadas pela Sessão da Tarde são capazes de entender esse fascínio.

Deixa eu explicar como era: Podíamos assistir aos clássicos água com açúcar dos anos 50 e 60, ver todos os filmes do Jerry Lewys e do Elvis Presley infinitas vezes ou uma comédia romântica adolescente... e só. A vida era simples assim. Sem internet, sem TV a cabo, sem opção...

Por isso, se observarem pessoas da minha idade (que não interessa dizer qual é...) vão perceber que todos temos uma paixão secreta (ou nem tanto) por um astro desse tipo de filme. Pode ser o Robie Lowe, o Matt Dillon, a Mary Stuart Masterson, a Molly Ringwald ou, como no meu caso, o John Cusack (de Alta Fidelidade, Os queridinhos da América, O juri).

Em "Digam o que quiserem" ele é Lloyd Dobler aluno do último ano do ensino médio, que se esforça pra sobreviver e passar de ano e de repente resolve convidar sua colega mais inteligente e bonita, a oradora da turma para uma festa. Calaro que eles se apaixonam!!!! E ele mostra a ela um outro lado da vida, mais adolescente e despreocupado para desespero do pai da mocinha, que está de viagem marcada pra estudar na Europa e foi criada para ser uma dama.

Tá, admito, o roteiro é trivial. Mas foi o primeiro que o Cameron Crowe (de "Jerry Maguire") dirigiu e tem o John e... também tem o John e... Ah!!! Tem a cena em que ele segura um som imenso (daqueles que só a década de 80 era capaz de fabricar) no jardim da casa da namorada (que tinha dispensado o rapaz por causa do pai ridículo) e toca pra ela a mais linda música do Peter Gabriel (ai, o
Peter Gabriel...) "In you eyes" numa cena que se tornou antológica.

Enfim: é romântico, divertido e delicado e eu recomendo (e tem o John Cusack). Pronto!



Hoje é aniversário de um amigo querido desse blog, que sempre nos deu muita força e nos encantou com sua poesia feita de imagens: o JSH, ou o Pontinho, ou o Jota ou qualquer outro das centenas de nicks que ele usa. Mesmo quando está sumido Pontinho é parte da turma com sua gentileza, prestatividade, sensibilidade e inteligência. Aliás, sumido ele sempre foi... ou deveria dizer discreto, invisível, misterioso... Não importa. Foi assim que ele nos conquistou e, como se não bastasse, ainda nos trouxe a Feliz de presente.
Nossos muitos abraços e beijinhos.

Feliz Aniversário

Suas musas



Gente, é o Pontinho... é claro que eu não ia me atrever acolocar aqui uma outra imagem que não fosse dele né...

Beijos

Ana Mineira

segunda-feira, 19 de abril de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

FUJA DELES!!!!


















SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA DO DEBS
Nas rodas femininas é recorrente a afirmação de que está faltando homem no mercado. “Eu discordo. Penso que não estão faltando seres do sexo oposto, mas homens de verdade, desses que fazem a diferença”, brinca a psicóloga Lígia Guerra, autora do livro "O Segredo dos Invejáveis", publicado pela Editora Gente. Por essa razão, ela propõe “estudar o mapa da rota das encrencas” para desviar delas e encontrar o “tesouro perdido”.

É que, segundo a psicóloga, alguns homens significam problemas e é possível identificá-los facilmente. Mas que fique bem claro que se trata apenas de uma sugestão bem-humorada para evitar relacionamentos conflituosos. Afinal, o ditado popular diz que “todo mundo tem sua tampa da panela”.

“Se a mulher quer ter um parceiro legal, é bom prestar atenção em algumas características antes de apostar na relação”, recomenda a profissional. Vamos a elas:

- Homens que são sarados além da conta, que dão a impressão de que seus bíceps, tríceps e afins vão explodir a qualquer momento. “Certamente merecem uma fuga estratégica, pois não devem ter muito tempo para outras coisas além do próprio corpo, como trabalho, estudo, cultura, família e, claro, para você”, diz Lígia.


- Homens que se dizem apaixonados pelas mulheres. “Saia correndo que é encrenca na certa! Um exemplar assim é 'galinha' ou inseguro e está querendo fazer estilo. Nenhuma das opções anteriores merece uma única chance sequer”, analisa a psicóloga.

- Homens que chegam à balada olhando para o nada, como se estivessem desfilando em uma passarela virtual, que só eles enxergam. Dessa maneira completamente “despretensiosa”, eles transitam entre as “pobres mortais” como se elas não existem, fazendo ares de que “a eleita” receberá uma grande honra. “Um homem narcisista assim não dá para encarar nem por caridade. São colecionadores de mulheres”, dispara.

- Para a psicóloga, o tipo que leva o prêmio de “Missão Impossível”, é aquele que fala das ex-namoradas. “Esse não tem concorrente, pois, além de grosseiro e chato, é sabotador. Se ele não valoriza a mulher nem no início do relacionamento, imagine como serão os próximos encontros?”, questiona.

- Segundo Lígia, é bom também ter desconfiança destes tipos de homens:

  • que só falam de si
  • que “engolem” as mulheres com os olhos
  • que são grosseiros com os empregados
  • que tratam as mulheres como serviçais ou objetos
  • que se divorciam da mulher e dos filhos
  • que têm como grande objetivo de vida trocar de carro todo ano

Para a profissional, o que falta aos tipos mencionados é inteligência emocional. “Conheço homens muito bem sucedidos que não sabem rir de si mesmos, que são engessados e levam a vida a sério demais”, diz.

“Um homem especial consegue transmitir com um olhar que a mulher está linda, mesmo sem nenhuma produção. Olha com amor quando ela está preparando um simples jantar e a faz se sentir única. Ele não precisa pagar as contas sozinho e ter todas as respostas, basta que sonhe junto com a mulher e some forças. É pedir muito?”, conclui a escritora.

* Matéria da redação da página Uol Estilo - Comportamento


Meninas, façam bom proveito, por favor!!

Beijinhos

Ana Mineira