domingo, 28 de março de 2010

SINCERIDADE??



Nos últimos tempos tenho me deparado várias vezes com uma questão aparentemente simples a meu respeito:
A sinceridade.
Pra ser sincera... eu nem sabia que era tão sincera...
É mais ou menos como a questão das músicas:
Até muito pouco tempo atrás eu achava que era absolutamente normal ficar decorando toda letra que aparecia pela frente. Sempre tive uma curiosidade incontrolável pra saber o que as músicas diziam e uma enorme vontade de aprender pra cantar, pra acompanhar...
E eu pensava que todo mundo era assim. (Juro!!!)
Depois comecei a achar que era por saber inglês. Até que um dia, conversando do assunto com amigos, todos professores de idioma,
um deles disse meio irritado:
"Cara!!! É impressionante o tanto de letra que ela sabe!" e os outros concordaram em coro. Eu fiquei chocada pensando: "Como assim?!"
Quando escrevi o post Família Escolhida mandei o link pro meu pai ler
e ele mandou uma reposta por email:
"O texto não está piegas. Está sincero e direto como você sempre foi."
Fiquei chocada pensando: "Como assim?!"
Eu enxergava desse jeito: Todas as vezes que as pessoas precisavam ver as coisas mais claras e simplificadas elas diziam o que realmente estavam sentindo e... voilá!!!
Descobri que não. E que nem é por falta de honestidade. A maioria das pessoas simplesmente não acredita que a verdade verdadeira seja muito produtiva. Pelo contrário, pensam que quando ela (a verdade) aparece de peruca e óculos escuros causa muito menos tumulto.
Tenho me esforçado nesse sentido... Minha língua tá toda mordida...
(Juro!!!) Fico fazendo de conta que não vi, que não entendi, esperando acessos de realidade alheios. Só que, quando confrontados com as minhas respostas vagas e escapadelas, eles insistem em me olhar e pedir: fala a verdade! E aí???? É pra eu continuar?? É pra eu confessar???
Por mais clichê que possa parecer, sempre achei que a verdade liberta mesmo. Sim, porque uma vez que ela é dita, não há mais nada a se fazer... E aí vão-se embora as amarras. Cada um escolhe uma posição e pronto. E, sinceramente, não consigo ver o mal disso. Pode precipitar desfechos, situações? Sim. Mas coisas que já estavam fermentando ali no escuro, caladas... e que de um jeito ou de outro iam acabar acontecendo. Recentemente fui "acusada" de ser "a pessoa mais realista" que já conheceram... Choque... de novo... Como assim?! Nada menos realista do que pensar que quando as pessoas pedem sinceridade, elas querem ter... sinceridade.
E fico eu por aí... Meio ornitorrinco de novo... sem saber se digo, se não digo... Sem saber se poupo quando eu minto ou se preservo quando escancaro... Sem saber se quando solto meus pensamentos estou interferindo com o curso natural das coisas ou se estou colocando as coisas no seu devido curso... De qualquer maneira, eu sei e todos em volta de mim sabem, que esse auto controle não dura muito... A verdade mais cedo ou mais tarde acende um fósforo na minha barriga, como personagem de desenho animado que quer ser cuspido de dentro do monstro que o engoliu...
Então, só posso dizer de coração e antecipadamente:
Desculpem a sinceridade...



Beijos

Ana Mineira

sábado, 27 de março de 2010

HOJE É A HORA DO PLANETA


Nunca fui ecochata, mas sempre tive o maior respeito e cuidado com as coisas desse planeta. Acredito piamente que todas as formas de vida devem ser reverenciadas. Acredito que nós, seres racionais, não como donos, mas como fiéis depositários de tudo que existe nesse mundo, temos obrigação de ser sensatos e zelar por ele, para um dia repassá-lo a outros depositários ou no final devolver a Quem é de direito.

A WWF-Brasil é uma organização não-governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. É uma fundação internacional que atua no mundo inteiro com os mesmos propósitos.

Hoje, dia 27 de março, a WWF propõe a HORA DO PLANETA. Uma ato simbólico que acontece em várias partes do mundo desde 2007 e que propõe que de 20:30 às 21:30h (horário de Brasília) as luzes sejam apagadas por uma hora, para mostrar aos líderes mundiais nossa preocupação com o aquecimento globa
l.

O site oficial da campanha para obter mais informações e se cadastrar é www.horadoplaneta.org.br.


O Deboniano apoia a WWF e a HORA DO PLANETA.

Beijos

Ana Mineira




quinta-feira, 25 de março de 2010

REMÉDIOS DA FARMÁCIA IDEAL



Ai, como eu queria poder comprar esses...





SEMANCOL ®
Indicações:
Tratamento da falta de noção em geral. Ótimo para chefes que pedem relatórios e levantamentos enormes 10 minutos antes da gente ir embora, ou na sexta ou na véspera de feriado...

Contra-Indicações:
Não há. Um pouco de Semancol ® provou ser benéfico a quaisquer usuários.

Efeitos colaterais:
Foram relatados alguns casos em que o uso de Semancol ® gera uma forte depressão logo nas primeiras semanas de uso. Normalmente porque o paciente passa a perceber o que fazia/era antes, então surta.



CHÁ DE SUMIÇO ®
Indicações:
Medicamento fitoterápico indicado em caso de incômodos agudos de fonte externa. Um saquinho de Chá de Sumiço é capaz de fazer o paciente desaparecer por completo durante um período de duas a três horas.

Contra-Indicações:
Não endossamos o uso do chá em casos de: perseguição policial, teste de paternidade, casamentos (civil ou religioso), dia de prova de matemática.

Efeitos colaterais:
Após passar o efeito do chá, é comum que o problema externo ainda se mostre presente. Após o consumo do chá e ao fim do seu efeito, alguns pacientes relataram dor de cabeça por conta da chuva de perguntas do tipo 'onde raios você se meteu???'




ESQUECIL ®

Indicações:
Problemas de coração partido, traumas em geral, Copa do Mundo de 2006.

Contra-Indicações:
Pessoas casadas, garçons, gestantes loiras (podem esquecer da gravidez e acabar fazendo uma lipo na barriga).

Efeitos colaterais:
Esquecil apaga completamente a memória recente. Cuidado com a superdosagem! Há casos de usuários de Esquecil® que alegaram intenção de torcer pro Botafogo.




DESGARGALHOL ®

Indicações:
Muito indicado em casos de crises de riso súbitas e inconvenientes, como em velórios, missas, reuniões em que o chefe tem um feijãozinho no dente.

Contra-Indicações:
Para os momentos em que o chefe resolve contar piadinhas sem graça, para pessoas que trabalham como claque, mulatas globeleza e o Bira do Programa do Jô.

Efeitos colaterais:
O uso contínuo endurece as feições, além de tornar a vida bem mais chata.







CTRL+ZOL ®

Indicações:
Gafes e similares. Perfeito naqueles momentos logo após falar uma besteira tão grande que você tem vontade de arrancar sua cabeça, colocar num saco de papel e enterrar no quintal.

Contra-Indicações:
Não indicamos a aplicação do medicamento em promessas políticas, no pôquer e nem durante partidas de futebol.
Efeitos colaterais:
A superdosagem trava o sistema nervoso central, sendo obrigatório o uso do medicamento Ctrl+Alt+Delina ®.




FICABONZIN ®

Indicações:
Criancinhas malcriadas e/ou hiperativas, em qualquer idade. Ficabonzin ® tem em sua fórmula Pesabundil , um composto capaz de criar uma sensação de peso nas nádegas dos pestinhas, mantendo-os sentadinhos no lugar, sem quebrar nada. Contém também antipentelhomicina, que provoca paralisia completa das cordas vocais, impedindo berros e manhas.

Contra-Indicações:
Adultos do sexo masculino, que com o tempo passam a produzir espontaneamente Pesabundil em seu organismo. Se você der Ficabonzin® a um adulto destes, nunca mais o inútil se levanta do sofá.

Efeitos colaterais:
Maridos que usam Ficabonzin ® em suas esposas, com o intuito de calá-las e fazê-las ir menos ao shopping, devem saber que o Pesabundil pesa mesmo, e que depois de certa idade tudo o que muito pesa, cai!

Email mandado pela Clarinha.


Beijos

Ana Mineira


terça-feira, 23 de março de 2010

PARA LENNON E MCCARTNEY

Não sei se já perceberam que sou mineira (eu sei que nem parece, mas juro que sou!)... Daí que estava no domingo na Praça da Liberdade, mais precisamente na Alameda Travessia, onde tinha um show de alguns artistas da terra, principalmente do Milton Nascimento e Lô Borges (outra novidade sobre mim: adoro o Lô!) Tá certo... a festa era do Aécio (aff...), mas eu não sabia. Fui na maior inocência pensando: não vai ter rebolation, nem funk; Quem nessa cidade ainda sai de casa pra ver Clube da Esquina? Eu e uma meia dúzia de gatos pingados... vai ser supertranquilo.

Ledo engano!!! Praça absolutamente lotada. De hippies cinquentões que perderam o trem pra Woodstock? Não. De gente de todas as idades e principalmente de muitos, mas muitos jovens, quase adolescentes que cantavam todas as letras, até de músicas que nem eu conhecia.
E no final a apoteose:



Por que vocês não sabem do lixo ocidental?
Não precisam mais temer
Não precisam da solidão
Todo dia é dia de viver
Por que você não verá meu lado ocidental?
Não precisa medo não
Não precisa da timidez
Todo dia é dia de viver
Eu sou da América do Sul
Eu sei, vocês não vão saber
Mas agora sou cowboy
Sou do ouro, eu sou vocês
Sou do mundo, sou Minas Gerais

Todos aqueles meninos e meninas cantando versos de quase 40 anos e gritando no fim:
Sou do mundo, sou Minas Gerais!
(e dá-lhe vaia para o Senhor Aécio Neves!!)
Tava lindo!

Depois que acabou, a multidão foi se dispersando, os meninos descendo rumo a Savassi (não acredito que exista alguém que não sabe o que é a Savassi... Ai, gente!!! Joga no Google, né??) e eu ia andando junto com,
nas palavras do meu amigo, a "juventude descolada" escutando conversas impagáveis. Como a da mocinha que contava do dia em que queria uma manga dos jardins do Palácio da Liberdade e o guarda de plantão disse pra ela que não podia. "Como não pode??? É público!!! E eu sou do povo, então é meu! E tenta me tirar daqui que eu vou dar um piti!"

Nossa! Saí dali cheia de esperança! Quem sabe essa terra um dia não volte a ser dos sonhadores rebeldes e inconformados? Quem sabe esse país um dia não volte a ter uma juventude de poesias e revoluções?
Quem sabe? Pois, afinal de contas, se me dão licença:
Somos do ouro, somos vocês
Somos do mundo, somos Minas Gerais...

* Tá, admito... texto extremamente bairrista. Ai, pessoal! Me desculpem! Não é culpa minha... São essas montanhas...
*
O show do vídeo não é o de domigo, mas tava bem parecido e o Lô tava tão lindinho quanto...

Beijos

Ana Mineira
(acho que mais do que normalmente...)

sábado, 20 de março de 2010

HAJA PACIÊNCIA


Falamos muito na sabedoria infinita de Deus, na Sua bondade infinita e misericórdia infinita... Acho que esquecemos o mais importante: Deus, sem dúvida, deve ter uma paciência infinita também. Às vezes fico imaginando a cara com que Ele deve me olhar, vendo minhas teimosias e insistências infrutíferas, minha cegueira e prepotência... Acho que se não fossem também algumas das Suas outras qualidades, principalmente a bondade e a misericórdia, Ele já tinha apelado. Ia balançar a cabeça numa tristeza também infinita e resmungar: "Criança tola!!! Não aprende nunca!!!" e desistir de mim.

Sabemos o que nos faz bem, o que devemos procurar, mas é o que buscamos??? Nãããããooo... Vamos atrás do sofrido. Embarcamos numa fantasia de onipotência e perseguimos o que nos machuca. E ainda reclamamos!!!!

Quando temos sorte acabamos como naquela piada da azeitona: o sujeito pelejando pra espetar a danada com um palito, enquanto ela escorrega por todo o prato. Chega um espertinho e consegue de primeira e o outro retruca: "Também, agora que eu cansei ela..." É assim. Só quando estamos zonzos de rodar no prato é que permitimos que o bem tome conta... e fazemos o que era óbvio desde o começo: nos deixamos espetar.

A minha esperança é de um dia aprender a ouvir meu coração antes de apanhar tanto... acho que a de Deus também...

Muita sabedoria, pra todos nós!

*Essa esteve num post outro dia mesmo... Fazer o que se ela merece outro?



Beijos

Ana Mineira

domingo, 14 de março de 2010

O MEDO DE AMAR É O MEDO DE SER LIVRE





O medo de amar é o medo de ser

Livre para o que der e vier

Livre para sempre estar

Onde o justo estiver

O medo de amar é o medo de ter

De a todo momento escolher

Com acerto e precisão a melhor direção

O sol levantou mais cedo e quis

Em nossa casa fechada entrar pra ficar

O medo de amar é não arriscar

Esperando que façam por nós

O que é nosso dever: recusar o poder

O sol levantou mais cedo e secou

O medo dos olhos

De quem foi ver tanta luz

Beto Guedes e Fernando Brant



Beijos


Ana Mineira

sexta-feira, 12 de março de 2010

ANIVERSÁRIO DE ANJO



anjo com 24 horas de vida


12 de março, 9 anos atrás

Era segunda-feira de manhã e eu já não tinha a menor noção das horas... Cheia de monitores cardíacos, um no dedo, outro na barriga. Minha médica ainda não tinha chegado. Ela mesma havia dado à luz a primeira filha no dia 12 de fevereiro, ou seja, apenas 28 dias antes, mas ia chegar, fazia questão... Deixou o irmão, também médico, lá cuidando de mim e estava tudo na santa paz, até que um daqueles seres irreconhecíveis totalmente vestido dos pés à cabeça sussurou pra ele "Tá de bradi."


Não era pra eu entender. Era daquelas situações em que eles usam uma palavra técnica achando que estão conversando no dialeto de Kripton.
Mal sabiam eles... Eu assistia ER (Plantão Médico na Globo) desde o primeiro do primeiro episódio e poucas semanas antes as gêmeas do George Clooney tinham passado pela mesma coisa e foi um Deus-nos-acuda. Sabia que bradi é bradicardia, o batimento do coração mais devagar que o normal. Nesse caso, se ficar muito lento e por um período prolongado indica sofrimento fetal. Apesar de toda a minha predileção pelo parto normal, tive uma vontade louca de gritar: "Cesárea!!! Agora!!!", mas a voz não saiu...

Nesse instante entrou minha querida mediquinha, segurou minha mão e perguntou: "Tudo bem, Aninha?" Nada de voz, então balancei a cabeça. Um dos outros seres chegou junto dela e disse disfarçadamente
"Tá de bradi". Ela também com voz casual perguntou "Chamou o fulano?" (que eu sabia que era o chefe da pediatria da maternidade). Já, já tinham chamado... Nunca me interessou saber a quantas andou o meu monitor naquele dia, mas me lembro claramente da sensação de ter um rolo compressor em cima do peito, que passava pra frente e pra trás, cada vez que falavam aquilo.

Logo em seguida entra o fulano e mais uma vez alguém diz:
"Tá de bradi" Pra meu desespero ele responde: "É, beltrano me falou..." Pensei: "Como assim, falou?? Então é grave??", mas só consegui tremer. Naquelas alturas eles já tinham delicadamente empurrado o pai e sua câmera pra bem longe e só falavam entre si, muito pouco, de maneira muito tensa. Pedi a Deus pelo meu filho e toda aquela situação virou uma nuvem. De algum lugar minha mediquinha (que era a única que sabia que eu estava entendendo tudo) falou: "Aninha, vou passar um fórcepsinho, tá? Mas é de alivio, bem de levinho..."

Pra quem não fez especialização em obstetrícia pela TV a cabo, fórceps é um instrumento que parece uma garra com ponta de colher. Serve para puxar o bebê, pela cabeça, de dentro do corpo da mãe caso haja necessidade. Por causa do alto risco de danos, hoje em dia, quase não é usado. Só a tal de alívio, que é apenas pra dar uma forcinha mesmo
e, ainda assim tem que ser com o máximo cuidado. Mas a maioria dos médicos brasileiros, atualmente, opta pela cirurgia. Somos os campeões em número de cesariana no mundo (Ehhhh, que maravilha!!). Eu, pessoalmente, nasci de fórceps (e consegui pensar nisso na hora!!!). Só olhei nos olhos dela por cima da máscara... Ela me conhecia muito, sempre zelou por mim, com certeza faria o melhor por nós dois... Então, ainda sem conseguir falar, acenei com a cabeça. Lágrimas escorriam enquanto eu pensava na criaturinha cianótica (roxinha por falta de oxigênio... sim, eu falo mediquês mesmo) e silenciosa que estava por aparecer...

Segundos depois ele chorou forte. Olhei e não estava roxo, era vermelhinho. Meu coração deu um salto! Saí do transe. Olhei para o relógio na parede: 12:25. Senti imediatamente todo o alívio da equipe... O tal do irmão também médico, que estava eufórico, vendo o estado de choque do pai, pegou a filmadora que tinha ficado abandonada em algum lugar,
começou a gravar, e mandou o coitado acordar e tirar foto. O pediatra pegou o bichinho e deu uma revirada nele com a expressão serena. Minha voz voltou pra fazer a única pergunta que importava: "Ele tá bem?" e a resposta: "Ele tá ótimo!" E estava mesmo! Lindo como um bibelô!

Foi assim o dia mais feliz da minha vida.





Beijos

Ana Mineira

terça-feira, 9 de março de 2010

QUESTÃO DE PONTUAÇÃO


Arrume caneta e papel rápido, estou prestes a dizer alguma coisa inteligente antes de morrer!

"Um homem rico estava muito mal de saúde. Pediu caneta e papel e escreveu assim:
'Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres'.

Morreu antes de fazer a pontuação.

Afinal, a quem ele deixou a fortuna? Eram quatro concorrentes: a irmã, o sobrinho, o alfaiate e os pobres. O escrito chegou às mãos deles e cada um fez a pontuação que lhe conveio:

O sobrinho fez a seguinte pontuação: 'Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres'.

A irmã chegou em seguida. Pontuou assim: 'Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres'.

O alfaiate pediu cópia do original. Puxou a brasa para a sua sardinha: 'Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres'.

Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta leitura: 'Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres'.

Assim é a vida. Nós é que colocamos os pontos."

Não sei de quem é...
Só sei que era do meu livro de Português, em 1925...
Será que só eu estudei nesse livro???
Manifestem-se!!!



Beijos

Ana Mineira

segunda-feira, 8 de março de 2010

A DOR E A DELÍCIA DE SER MULHER

Jeunes femmes au bain - Henri Pierre Picou -1879

Nunca tive dúvida de que ser mulher é um privilégio.
Também sei que muitas vezes passa bem perto de uma maldição.
Mas não trocaria essa condição por nada. Ser "complicada e perfeitinha" é um dos meus grandes baratos.


Não invejo a força física, nem o senso de direção, ou a pontaria, a objetividade e nem mesmo fazer xixi em pé.
O sentimentalismo, o choro, a intuição, a picuinha, a sabedoria, a empatia colorem a existência feminina de uma maneira ímpar. A sensação de ter na mão as emoções e o poder sobre a vida preenche tudo.

A forma feminina, a voz feminina, o movimento feminino...
Peitos, quadris, pernas... tudo isso fascina o ser humano com uma intensidade que nem parece que o nosso macho, como a maioria dos outros na Natureza, é que foi feito pra se destacar esteticamente. A fragilidade humana se materializou na aparência da mulher e ficou bela...

Ao mesmo tempo tem a força... Ah, a força feminina. A força pra suportar a dor, pra convencer fingindo ser convencida, pra decidir fingindo acatar decições, a força pra dar força...

É tão complicado e tão simples ser mulher... Tão fragilizante e tão fortificante... Tão
humilhante e tão digno...

Por tudo
isso e mais um tanto é melhor não provocar...



Cor de Rosa Choque
Rita Lee

Nas duas faces de Eva
A bela e a fera
Um certo sorriso de quem nada quer

Sexo frágil
Não foge à luta
E nem só de cama vive a mulher

Por isso não provoque
É cor de rosa choque

Mulher é bicho esquisito
Todo o mês sangra
Um sexto sentido maior que a razão

Gata borralheira
Você é princesa
Dondoca é uma espécie em extinção

Por isso não provoque
É cor de rosa choque


Beijos

Ana Mineira.

sábado, 6 de março de 2010

KSENINYA SIMONOVA



Um amigo me mandou esse vídeo que achei tão lindo que me deu vontade de compartilhar com vocês...





Um fim de semana delicioso pra todos nós.



Beijos

Ana Mineira

quinta-feira, 4 de março de 2010

ÁGUAS DE MARÇO



É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É um pingo pingando, é uma ponta é um ponto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

Beijos

Ana Mineira

segunda-feira, 1 de março de 2010

A OUTRA NOITE


A outra noite
Rubem Braga

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui.

Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de Lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.


Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:


- O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?


Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra - pura, perfeita e linda.


- Mas, que coisa...


Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.


- Ora, sim senhor...


E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.



Beijos

Ana Mineira