terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

FAMÍLIA ESCOLHIDA



Adoro Tigrão - O filme (e quem ainda não percebeu que não se trata de pornô, mas de filme da Disney é melhor parar por aqui). É uma história sobre o Ursinho Pooh (termo técnico de última geração, não se diz mais Puff como antigamente) e seus amigos. Eles na verdade são bichos de pelúcia do menino Christopher Robin, que imagina suas aventuras num lugar chamado "Bosque do Cem Acres".

Nesse filme, um longa metragem de animação lindamente produzido, um dos animais, o Tigrão (obviamente um tigre de pelúcia) começa a se preocupar com suas origens, afinal de contas ele é o único da sua espécie por ali. E fica deprimido ao constatar que não tem família.
(Atenção: a partir desse ponto esse texto se torna um spoiler, se você não quer saber como termina o filme não continue lendo. hahahahaha...) Seus amigos então se mobilizam para confortá-lo. Planejam uma festa surpresa cheia de "tigrões", que na verdade são eles disfarçados. Para assim, no final, Tigrão entender que sua família sempre esteve ali.

Eu sou um ser humano privilegiado. Tenho uma família maravilhosa, capaz de qualquer coisa por mim. Mas uma família nuclear, pequena: pai, mãe, um irmão, minha avozinha (que não está mais aqui) e meu filhote. Nunca tive grandes contatos com primos, primas, tias, tios. Aliás, nas famílias dos meus pais qualquer velório vira novela. Mexicana.

Mas aí, mais uma vez, os privilégios: tenho amigos. E não só amigos para farras, para alegrias. Amigos que levam meu bem-estar a sério. Muito a sério. Talvez por ser tão abençoada, nem posso ficar triste. Eles não admitem. "Chega disso!" Tenho amigos capazes de verdadeiros malabarismos pra fazer minha vida melhorar. Tenho outros que imaginam até vinganças por mim, quando eu nem pensei nisso. Tem os que planejam minha vida, os que arrumam minha roupa (igual minha mãe), os que se preocupam com meu corte de cabelo, se almocei, se corri, se dormi pouco, se estou dormindo muito, se engordei ou se emagreci demais. Eles conversam entre si em verdadeiros "complôs" para assegurar minha felicidade e paz de espírito. Brigam ferozmente comigo defendendo os meus interesses. E tantas vezes põe esses interesses acima dos seus. Respeitam meus silêncios e não levam a sério minhas broncas. São fãs do que quer que eu faça... Quem precisa de parentes com uma família assim? Uma que foi escohida e colocada na minha vida cuidadosamente como os bichinhos de pelúcia no "Bosque dos Cem Acres".

Queridos cínicos de plantaõ, o texto está piegas??? Meio brega?? Sinto muito, mas não posso ignorar a presença de criaturas que têm tantos cuidados comigo, nesse mundo que, às vezes, fica inacreditavelmente árido. Eles são meu seguro de fé na humanidade. E eu não saberia viver de outro jeito. Chego a me sentir meio invencível, porque não importa em quantos pedaços a vida me parta, sei que eles vão estar sempre ali pra me colocar inteira de volta. Amo vocês!



Beijos

Ana Mineira

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