terça-feira, 13 de abril de 2010

INFÂNCIA DE LIVROS




Vou fazer uma confissão: Monteiro Lobato nunca foi meu autor preferido, nem na infância. Pronto, falei! Quando vejo entrevistas de escritores, atores, compositores falando dos livros preferidos de criança, geralmente os olhinhos brilham e eles falam de Reinações de Narizinho, Caçadas de Pedrinho, Memórias de Emília, eu fico ligeiramente constrangida. Porque apesar de reconhecer a importância de Lobato para a Literatura Brasileira, principalmente a infanto-juvenil (o que seria absurdo negar afinal de contas, no
dia de seu aniversário, 18 de abril, é comemorado o Dia Nacional do Livro Infantil), nunca consegui ser sua fã.

Nada disso significa que minha imaginação não tenha sido povoada de personagens igualmente encantadores. Várias histórias marcaram meus tempos de menina e a primeira que me vem à memória é a Bonequinha Preta. Ainda me lembro de participar da festinha de formatura do pré, quando o livro foi encenado e do tombo que o verdureiro levou quando a bonequinha caiu no seu balaio (afinal de contas, eram crianças de 6 anos...). Além da admiração pela autora, uma senhorinha que viveu em Belo Horizonte até os 102 anos, a professora Alaíde Lisboa de Oliveira.


Tempos depois teve uma tarde de autógrafo no shopping com o querido Ziraldo. Meu primeiro contato com o Menino Maluquinho... Ainda tenho o livro aqui em minhas mãos, com meu nome e do meu irmão na dedicatória e a data que minha mãe escreveu no verso da contra-capa (que não vem ao caso saber qual é, diga-se de passagem). Mas a emoção daquele momento e a doçura do Menino são coisas que nunca vou me esquecer.

E ainda Maria José Dupré com sua A Ilha Perdida. Ela que era elogiada por Lobato e que escreveu Éramos Seis, se enveredou pela aventura infanto-juvenil nessa obra que era obrigatória e que encantava. Geralmente era pela Ilha que tínhamos o primeiro contato com um clássico da nossa geração: A Coleção Vagalume, feita na medida pra despertar a paixão pela leitura em pré-adolescentes. Semana passada vi uma criança lendo a Sra. Dupré.

Um pouco mais tarde veio Lúcia Machado de Almeida que contribuiu com os misteriosos O Caso da Borboleta Atíria e O Escaravelho do Diabo, principalmente. Não consigo me esquecer da mariposa que se disfaçou de coruja para enganar uma testemunha do crime. Lembro de me sentir tão importante quando li... Parecia livro pra adulto.


Muito depois disso começa pra mim uma outra fase literária. Aquela em que nas encenações meu papel é atrás da máquina fotográfica. Ainda tive gratas surpresas redescobrindo a literatura infantil pelos olhos do meu filho. Foi como conheci Ana Maria Machado e a sua Menina Bonita do Laço de Fita. Um primor de história, que fala de diferença racial com uma delicadeza maravilhosa.

Adoro as segundas chances proporcionadas pela maternidade. Nesse momento estou lendo (palavra de honra!) A Bolsa Amarela de Lygia Bojunga. Não é um livro jovem, foi lançado em 1976, mas só agora tive o prazer de conhece-lo. Estou apaixonada pela menina que esconde na bolsa suas 3 grandes vontades: a de ser gente grande, a de ter nascido menino e a de se tornar escritora.


Em todas as idades que tive, livros coloriram minha vida de maneira inexplicável. E acho que uma das melhores coisas que posso desejar a qualquer criança é uma infância repleta deles.

Viva o livro infantil!


Beijos

Ana Mineira

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