sexta-feira, 23 de abril de 2010

PEDRO ÁLVARES CABRAL E A HISTÓRIA



Shopping center, fila pra pagar o estacionamento. Mãe da coleguinha do filho para atrás de mim. Fazer o que, né?? Tem que conversar... Tá no paragrafo 5, ítem 9, da CEMAMS (Convenção de Etiqueta das Mães de Alunos da Mesma Sala). Achei que íamos ficar nas triavialidades quando ela me sai com essa: "Você está satisfeita com o ensino do Colégio? Eu não estou nem um pouco! Aliás, até marquei reunião com a diretora para semana que vem." Fiquei imediatamente arrasada com aquilo! Não sei o quanto vocês entendem disso, mas posso resumir o que significa ser mãe em uma palavra: culpa. O que veio naquela hora na minha cabeça foi: "Como é que o ensino da escola está assim tão ruim e eu não percebi??? Que espécie de mãe eu sou??" Respondi disfarçando: "É mesmo??" E ela irritadíssima: "Você não reparou o que eles estão estudando em História? Aquela bobagem sobre culturas de outros países?? Isso eles aprendem depois! Até agora não falaram em Pedro Álvares Cabral, no ano em que descobriu o Brasil, nada disso! Assim não dá!"

Choquei. Fiquei muda. Santa Ignorância, Batman!!! Quer dizer que História se resume a Pedro Álvares Cabral??? Eu que estava toda orgulhosa do meu filho aprender a origem dos hábitos culturais das diversas matrizes desse caldeirão que é esse país, fui pega de surpresa pelo saudosismo retrógrado daquela moça.
Uma mulher jovem, mais nova que eu. Universitária... Não que eu não ache importante que se estude o Descobrimento e todos os fatos que marcaram nosso passado, mas é tão bom ver a educação iluminada de idéias novas, reconhecendo a importância de coisas que não sejam apenas datas e nomes pra decorar.

Fiquei pensando duas coisas devastadoras. A primeira delas era na influência daquela pessoa nos rumos desse país e desse mundo. Sim, porque além de estar prestes a ter um diploma universitário com tudo que isso implica e não implica, ela está educando dois seres humanos, que provavelmente vão crescer sem ter noções simples de coisas importantes. Que tipo de cidadãos essa família ainda vai gerar? A segunda: fiquei pensando também que se eu, ali, inocente passante, apenas tentando tirar meu carro do shopping com dignidade, estava ouvindo aquela abobrinha o que não escutariam as pobres professoras todos os dias de criaturas como aquela (que, com certeza, não deve estar sozinha)?? Meu coração se encheu de piedade e por um momento eu até me esqueci da birra que tenho da tal diretora.

Ontem a noitinha fui à escola buscar filhote e tinha um carro parado na porta em fila dupla. Nenhuma novidade, né? Eu, pessoalmente tenho pavor de parar em algum lugar que tumultue a vida dos outros. Morro de vergonha quando, por infelicidade minha, acontece. E sei como é irritante essa confusão de porta de escola, mas muitas vezes até entendo porque isso se mistura com questões de segurança das crianças, falta de vagas e outras coisas difíceis de evitar. Mas esse caso era especial. O carro ficou parado naquele lugar por uns dez minutos para esperar duas meninas uma de 9 e outra de 4 escolherem e pagarem todos os doces que queriam na mão do vendedor que fica naquele portão. Terminada a tarefa o carro arrancou e a vida da cidade pôde seguir em paz. Advinhem quem era?





Beijos

Ana Mineira

* Beijinho especial pra Aninha, que tá ficando dodói com a mudança de estação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário