sábado, 10 de abril de 2010

SERESTA AO PÉ DA SERRA



Essa minha terra é cheia de cacoetes. Alguns bem irritantes, outros até bonitinhos. Um dos que eu mais gosto é da mania de seresta e serenata. Mais uma vez, como em tudo que é boêmio, meu bairro é pródigo nesse quesito também. Sempre teve seresta na praça. Há algum tempo atrás era sagrado, toda sexta-feira. E atire a primeira pedra quem naquela época não começou algum namoro numa seresta...

Há 27 anos em um dos mais populares parques da cidade, o Parque das Mangabeiras, acontece a "Seresta ao pé da Serra", que é uma pareceria da prefeitura com o Sesc-MG e o xodó de um jornalista muito conhecido na cidade, Carlos Felipe. As pessoas se reúnem, de quinze em quinze dias, durante os meses de seca (mais ou menos de março a outubro) pra ouvir e dançar ao som de grupos musicais que se revezam a cada evento.

É um acontecimento! Apesar de lá você encontrar pessoas de todas as idades, obviamente a maioria é gente... como direi...
mais madura... E o ambiente é tão familiar que, mesmo tendo um restaurante ao lado, a maioria dos frequentadores leva comida e bebida de casa pra compartilhar em mesas enormes, verdadeiras panelinhas. Rodam garrafas de pinga, que todos bebem na tampinha. Torresmo, linguiça, bolinhos... vira uma grande festa de roça.

Tem os casados e casadas que vão sem os cônjuges porque eles não gostam, ou não aguentam o barulho (tem uma que o marido usa aparelho de surdez) e aí só dançam com aquele par de praxe, que geralmente é filho de alguém ou marido de uma pessoa generosa e de confiança. Tem aqueles que encontram vizinhos que vão escondidos das mulheres. Tem um senhor, de 90 anos, que é "o" pé-de-valsa, não perde nenhum dia e dança com a mulherada toda. Casais de décadas se comportando como namoradinhos.
Tem amores velados e escancarados, novos e antigos. E cada roupa...

Tudo isso naquele friozinho (ou friozão, dependendo do dia) dos pés da Serra do Curral, no meio da mata. Coisas de uma cidade com complexo de Peter Pan, que não quer ser grande nunca... Com seus dilemas de metrópole e comportamento de arraial...



Beijos

Ana Mineira

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